
Funcionários da Activision Blizzard: “Exigimos condições melhores de trabalho”
Os funcionários da Activision Blizzard planejaram uma manifestação para esta quarta-feira, 28 de julho, para protestar contra a resposta inflamada da liderança da empresa a um processo do Departamento de Emprego e Habitação Justos da Califórnia.
Atualização: O CEO da Activision, Bobby Kotick, divulgou uma carta aberta a todos os funcionários pedindo desculpas pelo histórico da empresa e delineando mudanças imediatas nas atuais políticas. No e-mail, Kotick promete investigar as reivindicações, criar sessões de conversa, substituir o pessoal problemático, aumentar as práticas de contratação e modificar os conteúdos ofensivos dentro dos jogos.
O que está acontecendo com a Activision Blizzard?
O processo relatado pela Bloomberg Law detalha uma cultura machista e racista dentro do local de trabalho da Blizzard. Isso criou condições obscenas de trabalho para as mulheres, especialmente negras e marginalizadas. Além disso, também alega um comportamento flagrantemente sexista que acabou resultando no suicídio de uma funcionária.
Porém, em vez de cooperar com a investigação, a Activision Blizzard tragicamente emitiu uma declaração de confronto com a Polygon, negando todas as acusações decorrentes de uma investigação de dois anos. J. Allen Brack, presidente da Blizzard, enviou um e-mail para a equipe entrar em contato e discutir como “seguir em frente”.
Pelo contrário, a executiva da Activision Blizzard, Frances Townsend, enviou um e-mail para toda a empresa declarando que o processo era “sem mérito” e baseado em “histórias factualmente incorretas, antigas e fora de contexto.”
Essas respostas, juntamente com as desprezíveis condições de trabalho, forçaram os funcionários a finalmente se manifestarem. A Blizzard é conhecida por manter um ambiente muito sigiloso e os pedidos de mudanças eram ignorados ou tratados como “vamos trabalhar nisso” - parece ser o suficiente.
Mas o que os funcionários da Blizzard desejam?
Um funcionário que deseja se manter em anonimato conversou com o Esports.gg sobre as condições de trabalho após o processo e falou o que eles gostariam que as pessoas fizessem para espalhar consciência.
“O processo foi uma surpresa total para muita gente, em termos de não termos a menor ideia de que esse tipo de processo judicial massivo poderia estar chegando”, disseram eles. “A resposta geral a isso tem sido um choque nas equipes, além de raiva e perda de confiança na liderança. Não em termos de cultura de apoio a homens idiotas, é claro.”
O funcionário também afirma que a raiva e o trauma resultantes da resposta da empresa ao processo tornou muito mais difícil para as pessoas que amam seu trabalho, trabalharem.
“As pessoas ainda estão tentando fazer seu trabalho - apesar da desistência - porque realmente amam seu trabalho. É muito mais difícil quando você está distraído pela raiva.”
Essa raiva foi sentida por toda a comunidade, principalmente porque essas questões foram avaliadas há muito tempo. Em 2018, a DFEH também estava envolvida em um processo contra a Riot Games por seus próprios problemas com sexismo e assédio, que resultou em um pagamento de US$ 10 milhões. Então, o que fazer se a própria indústria estiver envenenada desde a raiz?
O jogo da moralidade
Tem havido muitos debates quando se trata de funcionários, criadores de conteúdo e outros que dependem dos jogos da Blizzard para seu sustento. A natureza inconstante de suas vidas e público os torna incapazes de mudanças instantâneas sem o risco de perder sua renda. Embora alguns estejam pedindo declarações instantâneas e retaliações de forma ignorante, é necessária uma nuance, especialmente considerando quanto tempo levou para que uma ação fosse tomada
Para a Blizzard, pelo menos, o funcionário anônimo quer enfatizar que as pessoas podem protestar da maneira que quiserem. Elas devem ser capazes de processar toda sua raiva e decepção da maneira que preferirem, mas os manifestantes não estão pedindo que as pessoas “façam piquete no jogo”. Não deve haver uma obrigação moral ou um conflito de conteúdo para criadores, especialmente quando isso se trata de seu sustento.
E para os funcionários e outras pessoas envolvidas, eles sabem os riscos que estão correndo. E eles ainda querem que as pessoas aproveitem os jogos em que colocam seu sangue, suor e lágrimas.
“Não estamos, nesse momento, convocando qualquer tipo de ação de protesto contra os jogos em si”, dizem eles.
“É importante para os participantes da manifestação que os protestos pareçam anti-Blizzard - eles têm que ser apresentados como ‘Exigindo condições melhores de trabalho’”.
“Embora as pessoas obviamente apreciem o apoio dos jogadores, pedir às pessoas que não joguem causaria danos que não queremos fazer.”
Como podemos ajudar?
Os jogos da Blizzard forneceram muitas oportunidades, vínculos e experiências que mudaram vidas para melhor. Mas eles custaram muito caro. E uma situação como essa torna difícil para um indivíduo tomar uma decisão baseada em suas próprias histórias. Torna-se ainda mais difícil se o seu próprio sustento depender deles.
Mas a mudança pode ser feita. Com essa manifestação, o processo e outras ações, cabe a nós mantermos a pressão sobre a Activision Blizzard, mas apenas se ela apoiar os funcionários em vez de causar ainda mais danos. Temos que estar ao seu lado, pois estão dispostos a nos apoiar, como fãs e jogadores dos jogos que criaram.
No fim do dia, a melhor maneira de apoiar a manifestação e exigir melhores condições de trabalho é compartilhando nas redes sociais com a hashtag #ActiBlizzWalkout e doar para as instituições de caridade abaixo fornecidas pelos funcionários da Activision Blizzard à Kotaku:

Tradução: Alexandre Silva